Japurá teve seu auge no início do século passado, com uma população de 3 mil habitantes e planos de emancipação. No entanto, uma epidemia de malária e febre amarela mudou completamente o destino do lugar.
A vila surgiu na primeira década do século XX, impulsionada pela expansão da Estrada de Ferro Araraquarense (EFA), que inaugurou uma estação ferroviária em 1911. Isso permitiu o escoamento da produção agrícola e atraiu pessoas de várias partes do país em busca de trabalho.
Com o crescimento populacional, a vila desenvolveu seu comércio, abrindo farmácias, açougues e outros estabelecimentos, além de construir escola e igreja. Até mesmo uma cadeia pública foi erguida no distrito.
No entanto, a partir da década de 1930, Japurá começou a enfrentar uma série de casos de malária e febre amarela. A falta de conhecimento sobre as doenças, a falta de saneamento básico e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde contribuíram para a propagação dessas enfermidades. Durante o auge da epidemia, eram registradas de 12 a 15 mortes por dia.
O medo da contaminação era tão intenso que muitas famílias abandonavam a vila após enterrarem seus entes queridos. Isso causava pânico nas pessoas das cidades vizinhas, que temiam visitar Japurá e retornarem doentes.
Além disso, a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, conhecida como "Crise de 1929" ou "Grande Depressão", afetou a produção de café, principal fonte de renda da região. Com a redução da população, Japurá enfrentou outro golpe anos mais tarde, decretando o seu declínio.
Em 1951, a estação ferroviária foi desativada e os trilhos da linha férrea foram desviados para uma distância de 1,5 km de Japurá.
Ao longo das décadas seguintes, o número de moradores continuou a diminuir, restando apenas algumas poucas famílias. Ana Idalina Braz, conhecida como "dona Petita", foi a última moradora original de Japurá, permanecendo lá mesmo durante a pior crise enfrentada pela cidade. Ela faleceu em 2021.
Hoje em dia, o bairro de Japurá é bastante frequentado por turistas, pessoas e ciclistas que buscam conhecer de perto a história do local.
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